A HISTÓRIA DO INSTITUTO SEA SHEPHERD BRASIL – INSTITUTO GUARDIÕES DO MAR
“Eu espero que a Sea Shepherd possa trabalhar aqui no Brasil em cooperação com os governos, com as pessoas e com as indústrias para salvar a biodiversidade, para proteger o meio ambiente da poluição e também para salvar as espécies ameaçadas.”
– Capitão Paul Watson, fundador e presidente da Sea Shepherd Conservation Society
O Instituto Sea Shepherd Brasil foi oficialmente fundado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em maio de 1999. A vontade de tornar a organização conhecida no Brasil já existia desde 1994, motivada pelo embarque de Daniel Vairo, voluntário da Sea Shepherd Conservation Society, mas a construção do Instituto se deu por um processo longo, entre 1995 e 1998, com o apoio e dedicação do biólogo Alexandre Castro. O objetivo inicial era formar mais uma rede de apoio exclusivo para as campanhas internacionais do Capitão Paul Watson e da Sea Shepherd Conservation Society, assim como os demais escritórios ao redor do mundo funcionam. Porém, devido a grande biodiversidade marinha, a falta de fiscalização das áreas marinhas e a crescente exploração pelo petróleo no Brasil, se optou pela criação do primeiro, e até hoje o único, escritório da Sea Shepherd com total autonomia da matriz internacional, dedicada a conservação da vida marinha no Brasil. Todas as ações do Instituto Sea Shepherd Brasil fazem parte do Programa de Estudo e Conservação da Vida Marinha, que é composto de 04 áreas: fiscalização e denúncia, educação ambiental, treinamento e suporte técnico. Desde 2002 o Instituto Sea Shepherd Brasil também trabalha diretamente para apoiar as campanhas internacionais do Capitão Paul Watson e da Sea Shepherd Conservation Society, em especial as campanhas a Antártica cujo objetivo é de acabar com a caça ilegal às baleias.
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Um breve histórico de algumas das atividades já desenvolvidas pelo Instituto Sea Shepherd Brasil, seus diretores e coordenadores voluntários:
1999
Maio: Fundação do Instituto Sea Shepherd Brasil (ISSB) – Instituto Guardiões do Mar. O Capitão Paul Watson, Daniel Vairo e Alexandre Castro assinam a ATA de constituição em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O Instituto Sea Shepherd inicia seus trabalhos com um pequeno repasse de recursos da Sea Shepherd Conservation Society.
Julho: Sobrevôos de monitoramento e fiscalização do litoral do Rio Grande do Sul. Iniciando o projeto de fiscalização e denúncia “Estamos de Olho no Mar”, o Capitão Watson e o biólogo Alexandre Castro, Diretor Geral do ISSB, realizam 02 sobrevôos no litoral sul com apoio da Taxi Aéreo Stangarlin e identificam uma grande quantidade de embarcações pesqueiras operando ilegalmente no litoral gaúcho. Relatórios dos sobrevôos são apresentados e protocolados junto às autoridades competentes.
Outubro: A bióloga Sandra Severo, diretora executiva do ISSB lidera voluntários no inicio do trabalho de educação ambiental da organização durante a IV Semana Interamericana da Água, e no 4o Congresso Ecológico, no estado do Rio Grande do Sul. Através de exposições fotográficas jogos, teatro, pinturas e mostra de vídeos, o Instituto alcança mais de 1.000 estudantes de 27 escolas da rede pública e privada. Os trabalhos de Bob Talbot e Jeff Pantukhoff, renomados fotógrafos da vida selvagem apresentam ao público a beleza e importância da vida marinha.
Novembro: O Instituto Sea Shepherd integra a Pré-Comissão de Educação Ambiental do Fórum Estadual de Educação Ambiental que deverá propor as diretrizes do Programa Estadual de Educação Ambiental para o Ministério do Meio Ambiente em Brasília.
2000
Janeiro: Alexandre Castro, professor da Universidade do Vale dos Sinos – UNISINOS assina convênio entre o Instituto Sea Shepherd e a Universidade para o desenvolvimento conjunto de projetos de pesquisa, educação ambiental e treinamento de voluntários no litoral brasileiro. O Instituto Sea Shepherd Brasil é parceiro da UNISINOS na finalização do PLANBIO SUL – Plano de Minimização de Ações Antrópicas Negativas sobre Répteis, Aves e Mamíferos no Litoral do Rio Grande do Sul, um projeto de dois anos de duração cujo objetivo foi de compilar conhecimentos de como animais marinhos morrem e são afetados pelo homem para nortear ações conservacionistas.
Março: O ISSB estabelece convênio com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul – SEMA, para o desenvolvimento conjunto de atividades de educação ambiental e fiscalização do litoral sul do Brasil. O Capitão Watson comparece a cerimônia e assina o termo pessoalmente acompanhado do Alexandre Castro.
Abril: Daniel Vairo e Alexandre Castro conseguem o apoio de Paul Watson mais uma vez para apoiar com os recursos necessários para a implantação do Chalé do Mar, que serviu como sede da ONG pelo período de 18 meses. O Chalé do Mar contava com todos os recursos para a coordenação e mobilização da comunidade em prol do meio ambiente, como biblioteca, computadores, e espaço para reuniões e treinamentos. Um mutirão de voluntários se envolve na caracterização do espaço, entre eles os voluntários, estudante de direito Cristiano Pacheco, e o estudante de biologia Wendell Estol.
Maio: Uma equipe técnica de voluntários que inclui o estudante de relações públicas Daniel Fracasso e o estudante de biologia Tomás Fleck, sob a liderança de Alexandre Castro auxilia a Petrobrás na recuperação da Baía de Guanabara afetada pelo derramamento de 1.192 toneladas de petróleo. Daniel Vairo, estudante nos Estados Unidos, solicita e recebe o apoio dos técnicos Samuel Dover, veterinário da Sea World de San Diego, Califórnia e Martin Short, biólogo especialista em encalhes de mamíferos marinhos do Great Barrier Reef da Austrália para integrarem a equipe da Sea Shepherd no Brasil. Alexandre Castro com um orçamento de R$1.000 voa de Porto Alegre ao Rio de Janeiro e consegue convencer a Petrobras de financiar um plano para o monitoramento de golfinhos residentes da Baia da Guanabara pela Sea Shepherd Brasil durante o período inicial de limpeza da região. O ISSB elabora e entrega a estatal brasileira, O Plano de Ação para Cetáceos, o primeiro plano de contingência para cetáceos da região visando minimizar os impactos de outro eventual acidente.
Agosto: Voluntários do Instituto Sea Shepherd Brasil organizam a primeira ação direta no país contra barcos pesqueiros que realizam a pesca de arrastão. Denominada de Campanha X, a operação teve como objetivo identificar e marcar as embarcações que praticavam a pesca de arrastão ilegalmente e forçar os órgãos competentes (IBAMA e Marinha) a punir aqueles que estivessem infringindo a lei. O contingente dirigido por Alexandre Castro envolveu mais de 30 voluntários, duas equipes aéreas (helicóptero e avião), equipes terrestres e uma equipe embarcada. As equipes terrestres lideradas pelos voluntários Gunter Filho, Tatiana Balbão entre outros, estavam posicionadas em plataformas de pesca do litoral gaúcho e responsáveis por avistar as embarcações inicialmente. A equipe aérea coordenada por Alexandre Castro recebia a posição inicial das embarcações da equipe terrestre e a replicava a uma aeronave para fazer o reconhecimento da área. A equipe embarcada liderada pelos voluntários Daniel Fracasso e Manuel Strauch seguiam sob a vigia e assistência de um helicóptero, junto com representantes da Brigada Militar abordo. Quatro embarcações foram marcadas com tinta laranja, e abordadas pela Brigada Militar. A tinta laranja facilitava o trabalho de identificação do IBAMA e da Marinha que só deveriam estar atentos para autuar estes barcos, quando retornassem ao porto de origem.
Setembro: Daniel Vairo, que estudava na marinha mercante norte-americana recebe convite para que o Instituto Sea Shepherd Brasil desenvolva atividades de educação ambiental na comunidade de Macaé, Rio de Janeiro, pela multinacional petrolífera Texaco do Brasil. O Instituto Sea Shepherd desenvolve o projeto Amigos do Mar, que sensibiliza a comunidade da pequena cidade litorânea sobre a importância de proteger os oceanos, bem como, sobre as formas sob as quais estes são pressionados pela exploração de petróleo que ocorre na região. Sandra Severo e Alexandre Castro, coordenadores da ação, e a equipe de voluntários que incluem Wendell Estol, Tatiana Balbão, Israel Fick e Graziela Lob oferecem treinamento durante 04 meses, que inclui 58 oficinas de educação ambiental, a associações de moradores e ONGs locais.
Dezembro – Janeiro: Sandra Severo lidera o inicio do projeto Eu Também Quero Ver o Mar, que inclui arrastões de limpeza de praia, implantação de lixeiras, e diversas atividades de educação ambiental com crianças nas praias do Rio Grande do Sul de Tramandaí, Atlantida, Torres e Hermenegildo e de Santa Catarina, Praia do Rosa e Ilha do Mel.
2001
Janeiro – abril: O estudante de biologia, Wendell Estol, integra a equipe do Instituto Sea Shepherd Brasil que desenvolve o Projeto de Treinamento e Capacitação de voluntários “Ações para salvar animais marinhos em derrames de petróleo” que estruturou a primeira rede de voluntários preparada para agir em situações de emergência. A equipe técnica novamente liderada pelo biólogo Alexandre Castro capacitaram as principais ONGs conservacionistas brasileiras dentre outros órgãos que incluiu na Bahia o Instituto Baleia Jubarte e Projeto MAMA, em Fernando de Noronha o Projeto Golfinho Rotador, no Espírito Santo a Faculdade de Veterinária de Vila Velha, em São Paulo a ONG Ilhabela.org, no Rio de Janeiro a Secretaria de Meio Ambiente de Macaé, no Ceará a ONG AQUASIS, em Santa Catarina a Secretaria de Meio Ambiente de Balneário Camboriú, no Rio Grande do Sul diversas Universidades, ONGs litorâneas e o Batalhão de Policia Ambiental. Ao todo foram capacitadas 340 pessoas capacitadas em 08 estados litorâneos.
Maio: O Instituto Sea Shepherd promove o I Seminário Internacional “Por que Animais Marinhos Morrem no Litoral Sul do Brasil”, nas dependências da UNISINOS, contando com a presença do biólogo Lance Clark do Texas Marine Mammal Stranding Network, IBAMA, Indústria pesqueira, indústria petrolífera, órgãos de defesa do consumidor, universidades, universitários, técnicos de órgãos governamentais e não governamentais.
Junho: O voluntário e coordenador jurídico Cristiano Pacheco ajuíza em nome do Instituto Sea Shepherd Brasil a primeira ação civil pública contra uma empresa flagrada praticando a pesca predatória de arrastão no litoral brasileiro. A organização processou a empresa Pescados Amaral de Itajaí, que foi flagrada pescando ilegalmente durante a Campanha X de 2000. Foi um marco na história do combate à pesca predatória no Brasil.
Agosto: Capitão Paul Watson retorna ao Brasil, a convite da RBS TV para participar do Fórum das Águas em Santa Catarina. Juntos, Capitão Paul Watson e Alexandre Castro dão diversas entrevistas a mídia sobre o real estado de conservação dos recursos hídricos.
2002
Janeiro: O Instituto Sea Shepherd assina Termo de Convênio com a ChevronTexaco visando a realização do Projeto Expedição 21, no litoral sul do Brasil. O projeto oferece atividades de educação ambiental e capacitação para as comunidades costeiras dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná durante os meses de dezembro e janeiro de 2003. As ações são coordenadas pelos biólogos Sandra Severo, diretora executiva do ISSB e Wendell Estol.
Junho: Os voluntários Wendell Estol, Tatiana Balbão, Michele Marimom e Clóvis Azambuja integram a equipe do Instituto Sea Shepherd que inicia o projeto de 02 anos denominado “Incremento à Conservação da Reserva Ecológica da Ilha dos Lobos”, em parceria com a UNISINOS e IBAMA. O projeto consiste no estudo das espécies de mamíferos marinhos, principalmente lobos e leões marinhos, bem como na identificação da diversidade de animais marinhos no entorno da Reserva e os principais impactos sofridos. O objetivo é promover o envolvimento dos voluntários com as atividades de preservação e colaborar para a estruturação do Plano de Manejo desta importante Unidade de Conservação. Alexandre Castro coordena este projeto por todo o período.
Maio: O Projeto de treinamento e capacitação de voluntários tem continuidade com universitários da UFRGS, PUC e integrantes do Batalhão da Policia Ambiental.
Setembro: A convite do Parque Nacional de Galápagos (Equador), Alexandre Castro e Alessandra Preto representam o Instituto Sea Shepherd para ministrar o curso de capacitação “Ações para salvar animais marinhos em derrames de óleo” para os guarda-parques da reserva. Alexandre e Alessandra planejavam embarcar com o navio da Sea Shepherd, o Farley Mowat, mas o Capitão Watson decide em ultima hora alterar seus planos e seguir rumo a Austrália. Os técnicos do ISSB seguem para a Costa Rica aonde já tinham compromisso para proferir palestras na Universidade de San José, ao Ministério do Meio Ambiente, e no Departamento de Unidades de Conservação da Costa Rica. Alexandre fica hospitalizado na Costa Rica com meningite por varias semanas, mas consegue se reabilitar.
Agosto: O Instituto Sea Shepherd organiza em Ilha Bela, São Paulo uma operação de fiscalização aérea com seus voluntários, intervindo diretamente contra a pesca de arrasto nas três milhas náuticas dentro das quais é proibida este tipo de pesca. No litoral paulista, é comum encontrar barcos fazendo arrastão para capturar isca viva dentro do Canal de São Sebastião. A isca viva é utilizada para a pesca do atum. De acordo com estimativas do Earth Island Institute, a indústria atuneira já matou mais de sete milhões de golfinhos nas últimas 4 décadas. Na operação, a Sea Shepherd também identificou embarcações de São Paulo e Santa Catarina pescando com malhas de tamanhos inferiores aos permitidos pela lei. Com base em extensa pesquisa, realizada conjuntamente com a UNISINOS sob a coordenação de Alexandre Castro, o Instituto Sea Shepherd encaminha Representação ao Ministério Público de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro, denunciando o uso ilegal do selo “dolphin safe” em produtos de origem marinha por mais de 12 empresas brasileiras. Embora algumas empresas garantam não causar danos aos golfinhos durante a pesca do atum no litoral brasileiro, não há nenhum tipo de regulamentação para o uso do selo ambiental “Dolphin Safe”, ferindo o Código de Defesa do Consumidor.
Dezembro – janeiro: A Sea Shepherd Conservation Society lança da Austrália a primeira Campanha em Defesa das Baleias na Antártica, que visa confrontar o massacre de baleias pelos navios baleeiros japoneses no Santuário Antártico das Baleias. Os voluntários Gunter Filho e Daniel Fracasso do Instituto Sea Shepherd Brasil, conjuntamente com repórteres da Revista Superinteresante, participam da campanha. Daniel Vairo se encontra com Daniel Fracasso antes de seu embarque no Farley Mowat e o repassa seu casaco de baixas temperaturas da Sea Shepherd que tinha sido utilizado nas campanhas de 1994 e 1998 pela proteção das baleias. Gunter que nunca havia cozinhado vira cozinheiro vegano, enquanto Daniel que também nunca tinha embarcado ajuda no convés.
2003
Fevereiro – maio: O Instituto Sea Shepherd realiza nove oficinas de capacitação em “Ações para salvar animais marinhos em derrames de óleo” no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Instituto faz uma doação de 7 kits de emergência a instituições litorâneas composto por equipamentos de sinalização, comunicação (rádios), contenção, resgate e reabilitação de animais marinhos. Após as oficinas de capacitação e doação de equipamentos uma serie de 8 exercícios de simulação de resgate de cetáceos a beira da praia são realizados. Estas são atividades e ações inéditas no Brasil por ONGs em nome da vida marinha.
Junho: O Instituto Sea Shepherd promove capacitação e seminário para a equipe interna da empresa petrolífera Chevron Texaco.
Julho – Setembro: O Instituto Sea Shepherd realização mais 29 oficinas de educação ambiental com filhos de pescadores, escolas públicas e turistas, nos municípios de Torres (RS), Arroio do Silva e Florianópolis (SC), Guaratuba (PR), Arraial do Cabo, Rio de Janeiro (RJ), Santa Cruz, Vitória e Anchieta (ES).
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