Carta de compromisso pelo oceano

O oceano é minoria no ambientalismo e exige seus direitos.

O que vem à sua cabeça quando você pensa em salvar o planeta? 

Será que veio alguma imagem do fundo do mar?

Milhões se comovem com a destruição da Amazônia, observando atentos na TV à evolução das queimadas, à impunidade do garimpo e à criminalidade dos grileiros. Falamos de represas destruidoras e queimadas no Pantanal. Esta batalha é muito necessária e urgente, porém o fundo do mar segue sendo destruído sem a devida repressão, sem leis ou fiscalização eficazes que o protejam.

Enquanto gritamos bem alto pela conservação dos animais selvagens em terra, proibindo a caça e protegendo nossas reservas, animais selvagens no mar são tratados como mercadorias, nossas mercadorias, como fonte de renda sem nenhum controle ou bem-estar animal. Tratamos animais marinhos com a linguagem de mercado; falamos de estoque, de toneladas, e não como de fato é: um ecocídio diário, com 2.6 bilhões de seres selvagens sendo arrancados de seu habitat natural com total crueldade.

Enquanto nos comovemos com leões friamente assassinados com espingarda, rinocerontes com chifres retirados e elefantes mortos pela caça ao marfim, centenas de baleias e golfinhos são mortos intencionalmente ou em redes de pesca, dezenas de baleias são expostas em nossas praias enroladas em redes de pesca, inúmeras tartarugas são dizimadas em redes de arrasto e milhões tubarões seguem no fundo do mar sem suas barbatanas. Por que esta barbárie de maior proporção não causa tamanha comoção?

Mostramos orgulhosamente um prato de atum na mídia social – um animal selvagem como de qualquer outro ecossistema – enquanto recriminaríamos alguém que poste fotos de onças, jacarés e cervos à mesa.

Enquanto aventureiros se preparam para entrar na floresta somente após certo treinamento, munidos de equipamentos corretos e guias bem treinados para evitar os perigos da trilha, qualquer pessoa chega na praia e entra no mar com toda volúpia e descuido, como na piscina do quintal de casa. Uma picada de cobra é vista como efeito colateral de estar em um habitat natural. Uma queimada de água viva ou incidente com tubarão promove matanças, grades, uma tentativa de ‘sanitização’ do mar.

Em terra, seguimos respeitosamente trilhas demarcadas, levamos o lixo conosco no final do percurso. Porém pisamos em corais, sujamos a água, entramos com protetores solares com químicos danosos que destroem corais – berçários marinhos -, ficamos indignados quando há muitas algas ou sujeira no mar sem nos dar conta de que são as pousadas e casas que jorram esgotos na água e nossos almoços que liberam agrotóxicos e plástico no mar, proliferando essas mesmas algas ou resíduos na água – e criando áreas mortas no oceano.

Nos comovemos com animais que expressam sua dor de maneira familiar à nossa, com seus gemidos e faces tristes, pensamos em táticas ‘humanizadas’ de abate, enquanto menosprezamos animais se debatendo no convés, que são desmembrados ainda vivos, que são expostos em aquários antes de sua morte, que morrem devagar e silenciosamente, sendo esmagados ou enforcados nas redes de pesca.

Enquanto safaris são altamente regulados ou proibidos, diversas embarcações sem registro ou treinamento se reúnem ao redor de uma baleia e seu filhote para observá-los e tocá-los com paus de selfie, em uma fila interminável, por horas a fio.

Admiramos florestas como nossa grande fonte de oxigênio e solução para retenção de carbono, enquanto mangues trabalham incansavelmente para reter 3 a 5 vezes mais carbono, os plânctons no mar geram mais da metade do oxigênio que respiramos e o oceano absorve 90% do calor causado pela mudança climática e 23% dos índices de CO2 causados pela ação humana.

Protegemos permanentemente por lei 17% de áreas terrestres, porém somente protegemos 2,5% de nossos mares de maneira permanente.

Retiramos à luz do dia toneladas de areia do oceano para aterrar cidades, algo que seria criminoso em terras protegidas.

Seguimos admirando o mar de cima, enquanto abaixo da linha d’água o oceano pega fogo: 90% da população de grandes peixes foi dizimada, 300.000 cetáceos são mortos ao ano, todas espécies de tartaruga estão em risco de extinção, há previsão de um colapso de todos os ecossistemas marinhos até 2048 e de que haverá mais plásticos do que peixes no mar em 2050.

Há hoje uma explícita dissonância na maneira que cuidamos de nossos biomas terrestres, e como cuidamos do oceano. Vivemos uma espécie de ‘ecossistemismo’ que, em essência, ignora o maior e mais importante bioma do planeta: a nossa maior fonte de biodiversidade, nosso maior sequestrador de carbono, nossa fonte soberana de oxigênio. Toda a luta para proteger ecossistemas terrestres são essenciais e também urgentes, porém é fundamental também batalharmos por um oceano em equilíbrio para seguir sustentando a vida na água e no Planeta Terra.

Traçando um paralelo com o patriarcado e a repressão às mulheres, que são uma minoria-maioria, seguimos ignorantes da magnitude da importância de um oceano saudável, seguimos cortando a nossa fonte de vida até o ponto de não-retorno. Enquanto acudimos pessoas nas cabines, o navio vai afundando.

O oceano exige respeito. Convidamos você a se juntar a nós no compromisso pelo oceano e na luta pelos seus direitos. Nossa própria vida depende desse compromisso. Precisamos acordar para o terror que não enxergamos debaixo da linha d’água: sem um oceano saudável, não há vida na Terra.

Este é um movimento urgente, e a hora de ajudar é AGORA. Assuma o compromisso pelos direitos do oceano com a Sea Shepherd. Seu apoio ajudará diretamente a Sea Shepherd, o maior movimento pela proteção, conservação e defesa do oceano no mundo, e de todos os animais que o habitam.

Conheça as 10 maneiras de firmar o seu compromisso pelo oceano: 

  1. Diminua significativamente ou cesse completamente seu consumo de todos os animais marinhos.
  2. Fale com seus amigos e familiares sobre o oceano, provoque-os a perceber a dissonância entre como tratamos os ambientes terrestres e marinhos para darmos a devida atenção à todos os biomas. 
  3. Corte significativamente o plástico da sua vida, evite plástico de uso único a todo custo, gerencie seu resíduo e garanta seu destino adequado. Promova empresas e produtos que são plástico zero.
  4. Faça um turismo consciente e sustentável, respeitando o oceano e escolhendo locais e passeios que façam o mesmo.
  5. Participe de ações de preservação do oceano, pela Sea Shepherd ou de outros movimentos, que genuinamente dediquem seus esforços em prol do oceano e não sigam agendas duvidosas que ainda promovem a pesca desenfreada, turismo irresponsável ou um urbanismo destruidor. 
  6. Vote conscientemente em líderes que de fato respeitam o meio ambiente e todos seus ecossistemas, e que incluem o oceano em suas agendas políticas.
  7. Faça um jantar à base de plantas para debater o tema e refletir sobre o que podem fazer mais pelo oceano.
  8. Compartilhe conteúdo que promova seu compromisso e o respeito aos direitos do oceano em suas mídias sociais. 
  9. Torne-se patrono da Sea Shepherd e entre no grupo seleto internacional da Direct Action Crew que contribui mensalmente para nossas atividades no Brasil.
  10. Assine esta carta em compromisso pelo oceano e faça parte de um grupo cada vez maior de pessoas que firmam o seu compromisso com o oceano.