Por Luiz André Albuquerque, Diretor Regional Voluntário do Instituto Sea Shepherd Brasil, Núcleo Estadual Rio de Janeiro
Nos dias 29, 30 e 31 de março e 01 de abril, o núcleo carioca do Instituto Sea Shepherd Brasil (ISSB) realizou o “I ECO DIVE SEA SHEPHERD RJ EM ABROLHOS”, uma expedição para o Arquipélago de Abrolhos, em parceria com a empresa de turismo Apecatu Expedições, localizada na cidade de Caravelas (BA).
A expedição teria a duração de três dias, com seu início no dia 29 de março, mas as condições de vento, tanto na cidade de Caravelas (BA) quanto no Arquipélago de Abrolhos (no portinho Sul era em torno de 27 nós), retardaram sua saída. Felizmente, todos os participantes conseguiram mudar as passagens de retorno já compradas e houve condição de todos retornarem para Caravelas no final da tarde do dia 01 de abril.
Com a natureza mudando os planos da expedição e todos tendo que passar o dia 29 de março na cidade, o grupo participou de um curso-palestra com vídeo ministrado pelo Secretário Municipal de Turismo e Meio Ambiente, Sr. Fabio Negrão, sobre a importância da proteção dos recifes de corais. Foi apresentada aos participantes a campanha “Conduta Consciente em Ambientes Recifais”, do Ministério do Meio Ambiente, que visa formar agentes multiplicadores da campanha. Foi uma palestra importante para todos, em especial para os mergulhadores da expedição, pela grande quantidade de corais existentes no arquipélago. Ao final, foi entregue um certificado de participação do curso.
Na manhã do dia 30, as condições de tempo já eram bem melhores e partimos no catamarã Zeus por volta das 09:00 horas. Seguimos uma viagem tranquila até Abrolhos, chegando por volta das 14:00 horas no arquipélago, para felicidade de todos que já estavam ansiosos por contemplar a beleza local.
Abrolhos foi o primeiro Parque Nacional Marinho do Brasil, fundado em 1983, e possui a maior biodiversidade do Atlântico Sul. É composto de cinco ilhas: Santa Bárbara, Siriba, Redonda, Sueste e Guarita, e o único lugar no mundo onde são encontradas as formações coralíneas chamadas de “Chapeirões”. É também o principal ponto reprodutivo de baleias jubarte do Atlântico Sul, onde todos os anos, entre o período de junho a novembro, reunem-se milhares delas.
Logo após a nossa ancoragem, recebemos uma bióloga do ICMBio, que agradeceu a nossa presença e expôs as normas que devem ser adotadas pelos visitantes, visando a proteção e conservação da biodiversidade presente na região.
Em seguida, foi realizado o primeiro mergulho do grupo na parte conhecida como “Portinho Norte” da ilha de Santa Bárbara, com posterior atividade de snorkeling na mesma região.
No final da tarde, realizamos a visitação da Ilha de Santa Bárbara, principal ilha do arquipélago e a única das cinco ilhas que tem a administração da Marinha do Brasil.
Ao desembarcarmos na ilha, infelizmente constatamos a presença de lixo plástico que chega ao arquipélago trazido pelas correntes marítimas. Incomodados com aquela situação, os participantes coletaram o que foi encontrado naquela área costeira.
Recebemos as boas vindas de um oficial da Marinha, que explicou sobre o trabalho desenvolvido no arquipélago e nos conduziu para uma visita guiada ao farol, um dos cartões postais de Abrolhos. Como já era início de noite, permanecemos na ilha até que o farol fosse ligado.
Ao retornamos para o “Zeus”, os mergulhadores habilitados realizaram o primeiro mergulho noturno e foram agraciados com a presença de uma linda tartaruga marinha.
Logo pela manhã, o ponto de mergulho foi o naufrágio Guardiana, uma embarcação inglesa que transportava café e afundou em 1885, ao se chocar com um chapeirão.
No grupo da expedição, quatro participantes não tinham experiência com o mergulho. Dois realizaram mergulho de batismo com o instrutor Vicente Albanez e outros dois realizaram um curso de mergulho com o citado instrutor durante os três dias da expedição e voltaram de Abrolhos devidamente certificados.
À tarde, o ponto de mergulho foi a “língua da Siriba”, extensão rochosa e coralínea da Ilha Siriba, com grande quantidade de corais e abundante vida marinha. Fomos agraciados com a visão de budiões azuis, frades, cirurgiões, ciliares, garoupas, etc.
Após o mergulho, desembarcamos para a visitação na Ilha Siriba, acompanhados da bióloga do ICMBio. A grande presença dos atobás mascarados e pardos é um espetáculo à parte, e ao pôr do sol, experimentamos uma sensação especial de paz, contemplando a natureza. Em seguida, foi realizado o segundo mergulho norturno da expedição.
Na manhã do dia 01 de abril, foram realizados dois mergulhos, o primeiro no naufrágio Santa Catharina, navio alemão que naufragou em 1917, após ter sido atacado pelo cruzador inglês Glasgow, durante a Primeira Guerra Mundial, e posteriormente um novo mergulho na língua da Siriba.
Abrolhos possui importantes espécies de fauna e flora endêmicas, e também espécies ameaçadas de extinção (mais de 45 espécies ameaçadas). Abrolhos sozinho é responsável por 10% do percentual pesqueiro do país.
O Instituto Sea Shepherd Brasil é a favor da implantação da zona de amortecimento sugerida pela ONG Conservação Internacional, que realizou um estudo bem embasado na região em 2005, provando que esta zona teria que ser de no mínimo 92.000 km² ao redor do Parque, uma área equivalente ao tamanho de Portugal. Só para que se tenha uma ideia, a área atingida pelo acidente da BP no Golfo do México foi três vezes maior do que essa área sugerida.
E ao meio dia, regressamos para a cidade de Caravelas (BA), com as energias renovadas e felizes pelos momentos inesquecíveis no arquipélago de Abrolhos.
Agradecemos à equipe da Apecatu Expedições por mais esta expedição de sucesso: Thomas e Laila, proprietários da empresa, sendo o primeiro, instrutor de mergulho e capitão do “Zeus”, Vicente, instrutor de mergulho, Maria, cozinheira e aos marinheiros Lecreu e Mateus. Muito obrigado, e até agosto, com o “5º Whale Watching Abrolhos”.