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Derrame de óleo no Tebar afeta várias praias em São Sebastião (SP)

Por Claudia Hallage, voluntária de comunicação do Núcleo SP do Instituto Sea Shepherd Brasil

Dia 05 de abril, fim da tarde. Uma falha, não se sabe se humana ou não, no Terminal Aquiaviário Almirante Barroso, causa derrame de Marine Fuel (MF-320) no mar de São Sebastião, litoral de São Paulo. As informações são desencontradas, se ouve todo o tipo de justificativa e quantidade de óleo derramada.

Terminal Aquaviário Almirante Barroso. Foto: Marcelo Gallep
Barreira de contenção para impedir que o óleo devolvido pelo costão rochoso volte ao mar na Praia das Cigarras. Foto: Marcelo Gallep
Garça sem contaminação, Praia do Pontal da Cruz. Foto: Marcelo Gallep

O Instituto Sea Shepherd Brasil ouviu muitas pessoas na cidade do acidente ambiental e sua vizinha, Caraguatatuba.

Ativistas utilizando a maior arma da atualidade. Foto: Claudia Hallage

No total foram 11 praias afetadas, sendo a Praia das Cigarras, em São Sebastião, a mais atingida. Nesta praia ainda há resíduo de óleo, pois o mesmo foi absorvido pelo Costão Rochoso e pela camada mais profunda da areia. Após a limpeza superficial, o movimento das ondas faz com que esse óleo volte ao mar.

Areia contaminada na Praia das Cigarras. Foto: Marcelo Gallep

O fato é que ninguém assume a culpa, mas como não desistimos nunca, conseguimos apurar alguns fatos interessantes.

  1. Não houve alarme ou aviso sobre o vazamento. Isso causou a perda de todo um cultivo tradicional de mariscos na Praia das Cigarras. Dez anos de trabalho dos marisqueiros João e Jaime se perderam, assim como aproximadamente 11 toneladas de mariscos. Não há previsão de quando poderão recomeçar, pois a fazenda foi interditada pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e pela Vigilância Sanitária de São Sebastião, por tempo indeterminado;
  2. Não houve um aviso sequer aos turistas que procuraram o posto de atendimento no centro da cidade. O funcionário do local, que não quis se identificar, nos informou que esse é um procedimento comum e que todos os dias entra nos sites da CETESB e da prefeitura por iniciativa própria, para informar aos turistas quais praias estão próprias ou impróprias para banho;
  3. As pessoas têm mais medo de pão mofado do que de óleo no mar. Encontramos vários banhistas no mar, inclusive com crianças pequenas. Conforme o procedimento padrão neste tipo de acidente ambiental, abordamos essas pessoas e informamos as condições da água. Fomos devidamente ignorados, como se estivéssemos falando algum tipo de absurdo extraterrestre.

Bóias recolhedoras de oleo instaladas pelo CDA, Praia das Cigarras. Foto: Marcelo Gallep

Container com material de emergência para o caso de acidentes ambientais, entre as Praias do Arrastão e Pontal da Cruz, o único da cidade. Foto: Marcelo Gallep

As informações são desencontradas, mas segundo a estimativa de um funcionário responsável pela limpeza do CDA (Centos de Defesa Ambiental), que não quis se identificar, o vazamento chega a aproximadamente 50 mil litros de óleo, quantidade bem diferente dos 4 mil que a Petrobras vem anunciando.

A equipe de campo do Instituto Sea Shepherd Brasil passou 5 dias no local e coletou diversas informações, apurou fatos, coletou amostras para análise e retornou à São Paulo no dia 12 de abril, mas continuamos acompanhando o caso à distância, através de contato com moradores da cidade de São Sebastião.

Coleta de amostra da areia para análise. Foto: Marcelo Gallep
Fim da missão. Kellen Leite, Carlos Crow, Claudia Hallage e Marcelo Gallep. Foto: Marcelo Gallep